domingo, 20 de maio de 2012

Tatuagem


Sabe uma coisa que quase todo adolescente quer ter? Tatuagem. Muitos acabam fazendo, pra decepção dos pais, da família. Meus pais são totalmente contra eu ter uma. Até marquei uma vez com o tatuador de eu ir fazer, decidi que ia fazer escondido, ele deve estar me esperando até hoje. O problema é que tatuagem, apesar de bacana é pra sempre, é definitiva demais pra uma coisa que muda tanto com o tempo: nossos interesses, prioridades, gostos. Hoje, pássaros saindo de uma gaiola nas suas costas inteira é a coisa mais tudo de bom. Amanhã, vai saber. E ai haja arrependimentos. Olhando algumas pessoas que fizeram e se arrependeram eu prefiro esperar minha mudança constante de opinião ser substituída por certezas da mesma. Mas continuo amando tatuagens.

Nada melhor pra fazer.


Bom, hoje é uma sexta daquelas frias que eu devia estar na rua acompanhada de alguém que me esquente. Acontece que estou em casa, lendo e bebendo um café forte e extremamente quente numa tentativa frustrada de que cause o mesmo efeito que o calor dele me causava. Escrevi bons textos antes desse por um único motivo: tédio. Não pretendo sair hoje, prefiro me sustentar aqui com as palavras que eu tenho, pelo menos essas são reais e isso é o mínimo. Enquanto eu pensava sobre o que escrever, uma voz irritante sussurrava na minha mente, ela dizia: fala do diário, fala, fala logo, vai!
Minha boca calada é o meu corpo gritando, também é um pouco a saudade falando por mim e matando tudo aqui dentro. Escrever é o jeito que eu tenho de não falar sozinha já que amigos pra me ouvir me faltam, verdade seja dita não quero cansar ninguém com as minhas besteiras. Hoje pela tarde resolvi que ia ler meu diário e sinceramente? Pensei que não, mas foi a melhor coisa que eu fiz, me fez enxergar algumas coisas. Em dias aleatórios, praticamente seguidos, lá fala do nosso “caso”. Li de um dia que falava assim “Hoje me perguntaram se eu não me importo em fazer roles de bicicleta, sinceramente? Isso é o que tem feito o meu mundo girar” ler isso foi definitivamente como matar o que a gente chegou a ser com um tiro na cabeça na minha frente. Passei horas chorando que nem uma louca. É isso mexeu comigo. Lembrei da conversa inteira quando li isso. Foi fatal. Muito. Concluí que isso está valendo a pena tanto pra mim quanto pra ele. Ele não é mais tão otário que nem antes. E eu não preciso mais me fantasiar de puta. Porque pra ter ele era isso que eu tinha que fazer. Jogar com uma única coisa. Prazer. Nossa relação tinha brigas por ciúmes, tinha atração, talvez tivesse paixão, mas não passava de um “caso” de não-amor. Tudo o que acontecia era dali pra fora. Inferno pessoal. E sabe o que unia a gente? A mesma coisa que me motiva a escrever em uma sexta-feira à noite: Nada melhor para fazer. Sendo assim posso entender o porquê sinto saudade e é de fato a mesma coisa que unia a gente: Nada melhor pra fazer, mesmo.

Quase.


Estava ali átoa, perdida ao acaso como sempre. Sufocada. Presa. Era como se uma mão apertasse seu coração. Perdeu o amor, mas não deu sorte de perder junto às lembranças. Seu amor – ele – foi embora. Disse que não dava mais. Sumiu. Seu amor – o amor por ele – era demais e continuava ali. Imóvel. Muito amor tortura. Pouco amor tritura. Amor que é amor não seca, não transborda, fluí. Sem ele. Sozinha. Inconsolada. Desiludida. Olhou a rua pela janela. Chovia. Jogou o cabelo pro lado. Tirou os sapatos. E foi andar na chuva. Descalça. Molhada. Em paz. Quase completa. Quase leve. Quase feliz.

Sobre mim.


Não estou me definindo, nem me limitando, isso nem seria possível já que em um minuto sou açúcar, no outro vinagre e no seguinte pimenta. Sim, sou doce, azeda e ardida e cada um tem o tempero que merece. Rock me revira. Lugares altos me libertam. Música errada no momento certo me tira do sério. Pessoa certa no momento errado também. E vice versa. Confesso, não sou fácil, ao contrário disso, sou puro drama. Saudade me magoa e detona com a menininha guardada aqui dentro, a mesma que ainda sonha em mudar o mundo. Já me iludi muito, mas já me surpreendi bastante também. Me encontro quando me perco, nos livros. Meu refúgio, meu esconderijo já que eles não me traem, não mentem. Escuto o barulho da chuva, a água pingando, pego o som e descrevo a água. Um porre de palavras me embriaga. Já que a moda a moda dos anos 2000 é estar sempre bêbada, vivo bêbada, bêbada de poesia e essa tem a melhor ressaca, não aquela que você acorda no outro dia parecendo ter sido mastigado pelo demônio, mas aquela sutil que mata de prazer.

Mudanças, mais uma vez.


Acordou

Olhou-se no espelho
Com outros olhos
Jogou o cabelo pro lado
Abaixou o decote
Subiu a saia
Trocou o perfume
E o cheiro do hidratante

Esqueceu as coisas ditas
-mentiras freqüentes-
Assim como seu olhar profundo
E seu sorriso com efeito calmante

(o dele)

Tratou de conquistar a liberdade

(a dela)

Lembranças? Guardou
Caso sentisse falta de uma mão no seu joelho
Caso sentisse falta

(dele)

Fato


Beijo no nariz
Inverno é a estação

Blusa de lã protege do frio

Da sadade
Não

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Nós dois, nunca mais.

Depois de rodar, rodar, rodar, é engraçado como eu volto sempre ao mesmo lugar. Estou aqui de novo, em um momento e espaço reservado pros meus desabafos. E parece que foi ontem que me vi indo embora daquele momento só nosso sem me despedir de verdade. Deixando as coisas sem fim. Apenas não imaginava que aquele era o fim. Olho pra você e me lembro de quando você era a minha vida. Sinto falta das nossas conversas, de carimbar sua blusa branca e você me arranhar e me sujar inteira de caneta. Eu sinto saudade de você. Sendo assim eu posso concluir que a pior coisa é sentir saudade de quem está do meu lado. Já passou tanto tempo e eu ainda me importo tanto, me preocupo tanto, me estresso tanto e pra falar a verdade, bem no fundo... ainda te espero tanto. O tempo ajudou curar as feridas, mas as cicatrizes estão todas aqui. Sempre que eu olho pra dentro eu as vejo e lembro de tudo novamente. Tudo era tão bom, tão perfeito. Faz falta, sabe? Eu acho que você também sente falata. Impossível você não lembrar de nada mesmo que por acaso, mesmo que seja sem querer.O que acontece é que a gente se acostuma. Se acostuma com a ausência, com os dias vazios e até com a saudade da história que começou com um " vai dar certo" e agora não passa de um "nós dois, nunca mais".

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Concluir.

Eu gostaria de ter ficado para sempre ali. Encostada no carro, observando a lua, me sentindo protegida, sem medos, bem diferente de como me sinto agora. Estranho mesmo é como eu sou capaz de chorar e sorrir ao mesmo tempo lembrando disso. Você transformava o romance em comédia. Se a gente fosse um filme o gênero seria comédia romântica sem sombra de dúvida.
No dia da lua por exemplo, lembro que eu estava vendo a lua encostada no carro de você encostado bêbado do meu lado, foi quando você disse "a lua deve estar linda, pena que eu não estou achando ela" não sabia se eu te batia ou se eu deitava no chão pra dar risada, mas eu fui legal e apenas disse "Amor a lua tá ali em cima, olha" engraçado é como eu lembro disso agora, gargalhando e soluçando ao mesmo tempo. Se eu soubesse que seria mesmo a ultima vez, não teria pedido pra ir embora tão rápido.
Aqui dentro, tem algumas marcas suas que ainda me tiram o sono. Algumas noites ainda tenho passado em claro procurando um motivo bom que me faça entender o porque disso tudo. Eu te gosto, você me gosta, por que não estamos juntos? Isso que não entendo, mas estou buscando superar. Sentir sua falta já nem dói como antes apesar de ainda doer pra caramba, a dor agora é passageira, bate e volta, lateja e incomoda diariamente. Estou me acostumando ainda. 

:(

Passei o dia me forçando a não me perder em detalhes que me lembram você e o mais estranho é que neste momento sinto que foi atoa.
Pela manhã fui desejar parabéns a um amigo nosso em comum e a conversa terminou em você, é… não aguentei e perguntei se você estava bem. Soube até que você vai voltar a lutar, mas desviei o assunto rápido, não queria pensar em você.
O dia todo falei e pensei no cara que anda me fazendo feliz no momento, eu também to tentando fazer ele feliz.  -Não estou falando isso pra me sentir por cima, só estou comentando pra você perceber que estou cumprindo a minha promessa de tentar seguir em frente.-  Ele está sendo pra mim o que ninguém nunca foi, mas o que eu sei que o tempo todo você tentou ser. Ele gosta de mim e eu também acho que estou gostando dele. Mas seu fantasma ainda está aqui, me assombrando.
Você se tornou a escolha errada que eu sou capaz de tomar até mesmo se a certa estiver dependendo da minha decisão.
Agora pela noite, estive falando com o motivo de o fim ter tido ponto final e não mais os três pontos. Rodei, rodei e dei um jeito de chegar ao assunto "você", briguei com ele pra te defender e isso me deixou meio pra baixo.
Se você soubesse o quão péssimo é não falar com você, o quão horrível é não saber onde, como e com quem está... Sinto falta das noites estranhas, das conversas esquisitas, dos conselhos milagrosos, sinto falta da sua presença na minha vida.
Estou escrevendo como se estivesse falando com você, não suporto mais guardar tudo aqui. Queria de verdade que você me salvasse dessa vida sem você, mas querer não é poder, infelizmente.
Sábado passado encontrei uma amiga e enquanto comentávamos da janta catastrófica -a mesma que você foi me ajudar- lembrei de como você ficou bravo por ter sujado seu carro e como eu suspeitava, você foi embora me xingando pelo caminho todo.
Eu ri com a história e pensei em te xingar por ter me xingado por causa disso, segundos depois lembrei da nossa ultima conversa e de que eu não poderia te xingar mais e uma onda de saudade bateu forte.
Tenho seguido em frente direitinho. Mas algumas coisas não tem como esquecer, lembra quando eu quase bati seu carro? pensei que você ia me matar, mas você não me matou. Lembra de quando você me avisou pra eu não fazer aquilo e eu fiz? Tinha certeza que você ia falar " eu te falei", mas você não falou. E quando eu derrubei cerveja no seu celular? Santo cristo, gelei, achei que você ia me bater, mas não me bateu. Quando eu te decepcionei, pensei que você ia me largar, mas não, você não me largou.
Teve uma porção de coisas que eu achei que você faria e você não fez. Mas me aguentou, e me ajudou, e me protegeu, e me amou. Eu ia te retribuir tanto quando você voltasse, mas infelizmente, infelizmente mesmo, em vez de voltar você voou.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Mais um texto da Tati Bernardi que se encaixa comigo no momento.

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Anos nos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.