domingo, 20 de maio de 2012

Quase.


Estava ali átoa, perdida ao acaso como sempre. Sufocada. Presa. Era como se uma mão apertasse seu coração. Perdeu o amor, mas não deu sorte de perder junto às lembranças. Seu amor – ele – foi embora. Disse que não dava mais. Sumiu. Seu amor – o amor por ele – era demais e continuava ali. Imóvel. Muito amor tortura. Pouco amor tritura. Amor que é amor não seca, não transborda, fluí. Sem ele. Sozinha. Inconsolada. Desiludida. Olhou a rua pela janela. Chovia. Jogou o cabelo pro lado. Tirou os sapatos. E foi andar na chuva. Descalça. Molhada. Em paz. Quase completa. Quase leve. Quase feliz.

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