domingo, 11 de março de 2012


Os dias refletiam seus sentimentos. O que mais se assemelhava ao que havia dentro dela era o frio. Enquanto a chuva caia e não tinha ninguém andando por ai, resolveu sair pra ver a cara da rua e pensar em tudo. Fez um caminho totalmente fora da vista das pessoas. Passou pela ponte e viu dois bancos. Lembrou então de alguns momentos que passara ali. Mas naquela época o clima era outro, assim como os seus sentimentos. Embora quisesse um colo pra chorar e colocar pra fora tudo o que a sufocava, respirou fundo e voltou pra casa. Fechou os olhos e sentiu a tristeza e a solidão batendo na porta. Embora quisesse um abraço, respirou fundo e tratou de ficar bem, mesmo sem ter pra quem contar o seu último pesadelo. Pediu pra que a vida lhe desse um conselho no meio de um sonho qualquer, e assim a vida o fez... Sonhou que ele partia e ela fechava a porta apenas se sentindo livre, como podia fazer aquilo? Sem chorar, sem pedir pra ele ficar? Pela primeira vez ela havia deixado-o partir sem estar com o coração apertado, pela primeira vez ela o deixou ir sem esperanças de que ele voltara. Ele havia partido e dessa vez sem trocarem mais do que um abraço apertado, ele havia partido sem ao menos remexer o passado e perguntar o por que de não ter dado certo. Foi a primeira vez que ela havia o deixado ir embora de verdade, ele havia partido, pela ultima vez mesmo.
Ela acordou no susto sentindo-se aliviada, sentido-se tranquila. Foi bom assistir o que aconteceu e lhe atormentava tanto do lado de fora, foi bom poder enxergar suas reações e seus sentimentos vendo de longe suas expressões de alívio e de paz. Ela não havia errado, deixar algumas coisas partirem, foi o melhor que ela fez. Aquilo não se chamava perda, se chamava liberdade. Agora ela podia brincar de ser o que quisesse, ela era livre, independente, ela sabia agora quem era ela. Nasceu sozinha, provavelmente morreria assim. Não precisava dele, não precisava de ninguém. Era inteiramente completa e feliz na presença dela mesma. Fechou os olhos e abriu-os novamente, sorriu, resolveu levantar da cama sem fazer promessas, era melhor assim, sem expectativas. Quanto mais se espera das pessoas, mais se continua esperando, ela aprendeu a lição e foi tratar de ser feliz com ela mesma.
Saiu na rua novamente, desta vez sem se importar em ver pessoas. Chegou um dia a pensar que era fraca pra encarar a vida sem ele, mas agora ela encarava sozinha o mundo lá fora, o mundo seguia em frente, seu mundo seguia em frente. Era bom se sentir assim. Era bom ver pessoas. Era bom curtir o que se passava lá fora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário